domingo, 16 de setembro de 2012

O Drama Da Gatinha Preta e Das Suas 5 Crias. Toda a História.

Este texto destina-se a resumir toda a história a que se referem estes dois textos:
e

Acrescentando algumas coisas que são, na essência, o que realmente importa... para os amigos dos animais.




A gatinha preta 2 anos depois (em Dezembro de 2011). Linda como só ela!

 Esta gatinha preta apareceu por aí, ainda muito jovem (com cerca de 5 ou 6 meses), no Outono de 2009...

No início era muito esquiva. Não se aproximava nem para comer. Parava por aí num terreno próximo dum bloco de casas económicas donde algumas pessoas lhe achavam graça e lhe amandavam comida das janelas... quando lhes apetecia...
Comia de tudo (o que lhe davam) até sopa, pão... e sofria com enormes diarreias.
Mas, ao fim do dia, à hora do jantar, lá estava ela debaixo das janelas, a olhar para cima, á espera que caísse alguma coisa para comer.



A gatinha preta 2 anos depois (em Dezembro de 2011). Nesta fase, já depois de ter sido esterilizada, gostava muito de subir para esta árvore onde passava, ás vezes, algumas dezenas de minutos.

Alertada pelas pessoas que cuidam destes animais, tentei começar a dar-lhe ração... à primeira tentativa de aproximação afastou-se rapidamente... mas depois, quando me afastei, voltou ao local onde coloquei a ração... Menos mal. parece que era possível começar a dar-lhe comida de jeito. Actualmente come quase só ração seca. Adora peixe e frango, quando há, mas come muito pouco.



Depois a gatinha preta ficou grávida e teve crias... 5 crias: 2 crias siamês (certamente duas fêmeas) e 3 crias tigradas


Uma das crias da gatinha preta. Um macho, tigrado, (eram 3 tigrados) que é referido neste texto. Esteve fechado dentro da maldita carrinha durante mais de cem horas.


Outra cria da gatinha preta é esta siamês que se vê nesta foto. (eram 2 siamês). O gatinho preto desta foto não fazia parte da ninhada.


A gatinha preta teve crias e quando estas tinham menos de 15 dias, ainda nem bem abriam os olhos, tentou mudá-las. As 5 crias foram todas apanhadas debaixo dum carro, pelas pessoas que ali estavam, quando foram atacadas por um cão.

Vieram pedir-me socorro.

Recolhi as crias, dei-lhes leite de gata e tratei de devolvê-las à mãe.

A mãe, que já tinha ficado sem os filhos havia horas, esperava, certamente impaciente, debaixo do mesmo carro, que lhe devolvessem as crias.

Chamei-a insistentemente e ela veio. Tinha colocado as crias dentro duma caixa de cartão, debaixo dumas canas, junta a uma casa velha cujo páteo serve de abrigo aos animais por aqui.

A gatinha preta ficou muito feliz, deu de mamar às crias dentro da caixa e lá ficou.

Mas eu achei que o local era demasiado exposto e, como não temos acesso ao páteo, decidi retirar a caixa com as crias e metê-la mais dentro das canas, de modo a que ficasse mais resguardada, Asneira grossa!

A gatinha ficou no mesmo local, durante algum tempo, mais de uma hora, à espera das crias e, quando decidiu ir em busca delas, provavelmente debaixo do carro, passou perto da caixa, percebeu o cheiro e encontrou as crias... mas "decidiu" que não queria mais as suas crias dentro duma caixa... Pois se era tão fácil levarem-lhas todas...




Primeiro mudou-as todas para um sítio menos acessível, no meio das ervas, depois tratou de as levar novamente, mas de noite, para o local que já tinha escolhido, o local que lhe pareceu mais seguro e confortável: o interior duma carrinha que foi considerada, pela Polícia, como abandonada porque estava ali parada há anos sem inspecções nem Imposto... A carrinha, que se vê na foto abaixo, é uma espécie de caravana de campismo e tinha acesso ao interior através do "buraco" das mudanças.


A carrinha é esta da imagem, quase preta... É uma espécie de caravana de campismo e voltou para o mesmo local, no final desta odisseia. Apenas está virada ao contrário.

Depois de mudar as crias para dentro da carrinha, a gatinha preta continuava a ficar debaixo das janelas, às horas das refeições, à espera de comida. Achava que a comida que se lhes fornece era dos outros gatos... que, ás vezes, corriam com ela.
Mas nem sempre caia comida das janelas... Vieram-me dizer que a gatinha passava fome. Passei a deixar-lhe comida especificamente para ela, num local novo, não "vigiado" pelos outros gatos e gatas e logo arranjei problemas com alguns estafermos. Nessa altura não sabia onde estavam as crias.
A gatinha preta lá se foi habituando a comparecer às horas da comida e a comer com os outros. Quando descobri onde estavam as crias passei a pôr-lhe comida debaixo da carrinha... e a gatinha preta transformou-se num doce: dócil, meiga... e carinhosa como só os gatos sabem ser. Quando tinha de lhe dar comprimido para as diarreias, ou desparasitante, pegava-a e metia-lhos pela boca abaixo sem problemas...

Quando as crias completaram um mês, tentei reavê-las para as alimentar e para encaminhar para adopção. A ajuda que encontrei foi a duns miúdos que moram na mesma zona e se ofereceram para contactar os donos da carrinha. Mas isso resultou em confusão.
Um dia a mulher que diz que a carrinha é do filho (a carrinha está registada no nome dela..) encontrou-me perto da carrinha e interpelou-me, intempestivamente e apressadamente dizendo que o filho não queria nada debaixo da carrinha, que não queria os miúdos por ali nem a baterem-lhe à porta e foi correndo porque estava com pressa... Depois essa mesma mulher encontrou-me e falou mais demoradamente dizendo que o filho “adora” animais, que estava ausente mas que, quando regressasse, iria tratar do problema, com certeza.
O "problema" era eu ter pedido que me desse acesso às crias para as recolher para outro local juntamente com a mãe.



A gatinha preta no muro




A gatinha preta na árvore

O filho da tal mulher regressou, foram passando os dias e as semanas e nada de facilitarem o acesso às crias...

Estava imenso calor; nalguns dias a temperatura rondava os 40º C e o ar tornava-se irrespirável naquele estacionamento, devido ao calor. Eu despejava um garrafão de água, todos os dias, à volta da carrinha mas rapidamente evaporava sem deixar sinal...
Os dias passavam e as minhas preocupações aumentavam, não só devido ao calor e consequente desidratação dos bichos mas também porque, no caso de gatos pequenos, o atraso duma ou duas semanas pode comprometer as possibilidades de adopção...
Por isso fui à Polícia Municipal pedir ajuda... A "ajuda" que deram está descrita nos dois textos "linkados" acima:  ESTE   e  ESTE

Quando lhe levaram as crias dentro da carrinha, a gatinha permaneceu no cimo do terreno por detrás da carrinha durante muito tempo. As crias foram levadas cerca das 17 horas  e quando, tarde da noite, depois da 01H00 da manhã (no sábado já, portanto) decidi levá-la para junto das crias e fui procurá-la, foi aí que a encontrei... até febre tinha. Levei-a para o Parques de Abandonados sem saber muito bem o que iria encontrar nem como fazer (nem sabia onde era o "parque de abandonados")...



A gatinha preta comendo... no muro.

Mas a história não se esgota nesses 2 textos. Parei de enviar emails à CML no dia 14 de Agosto de 2010 , sábado, porque tinha muito mais que fazer e porque era tempo perdido.





Porém, no dia 13 de Agosto, sexta-feira, depois de esperar junto da carrinha pelos polícias que me disseram que viriam quando pedi que socorressem a cria que lá estava fechada (desde o princípio da tarde de 4ª feira, dia 11 de Agosto), já tarde da noite (quase às 00H00), peguei novamente na gatinha preta e levei-a ao "Parque de Abandonados"
Como tinha sido proibida de entrar, aproximei-me da vedação em rede, o mais próximo possível do local onde estivera a carrinha e libertei a gatinha. 
As crias miavam, desesperadas, com fome... E logo a seguir a instalação sonora repetia um som semelhante... nem percebi muito bem para quê. Seria para que não se percebesse o miar das crias e a sua presença?
A gatinha "rosnou" como se se sentisse ameaçada e foi buscar as 3 crias, uma a uma, trazendo-as para fora da vedação. Pelo meio, quando trazia uma cria, vinha até junto de mim e roçava-se pedindo mimos... 
Apenas falhou numa coisa: não me trouxe as crias para a transportadora. Em vez disso foi com elas para o cimo do terreno, para o meio das ervas, dar-lhes de mamar.

Cansei-me de esperar e de chamar mas agora já nem ela vinha. Primeiro esperei mesmo ali, junto à vedação, num local de acesso "acidentado". Depois desci e esperei dentro do carro, ali em frente. Já passava das 02H00 da madrugada...
Passou um carro com polícias e perguntaram-me se havia problema. Respondi que não, eles foram mas voltaram novamente dizendo que era estranho eu estar ali... Respondi qualquer coisa que me veio à cabeça e ainda esperei mais um pouco... até que desisti. Já eram quase 03H00 da madrugada.
Soube depois que a gatinha tentou seguir o carro, quando me afastei, porque voltei a encontrar lá o guarda daquela noite que me disse ter ficado muito espantado ao vê-la entrar por debaixo do portão, porque lhe tinham dito que fora apanhada pelo canil...


Durante o fim de semana voltei lá várias vezes, percorri tudo ali á volta, chamando... mas sem sucesso.

No Domingo a cria que se encontrava fechada dentro da carrinha foi retirada, finalmente, como refiro AQUI:

"Esta cria esteve fechada, dentro da carrinha OT-35-33, durante mais de cem horas (100), sem comida, sem água, sem nada. Ficou fechada na carrinha quando esta estava no Parque de Abandonados do Vale do Forno, a carrinha foi removida, toda a gente ouviu os gritos de aflição do bicho... que veio a ser libertado na Quinta dos Barros, mesmo ao lado da Segunda Circular. Comuniquei às estruturas da CML que a cria se encontrava encarcerada dentro da Carrinha, no mesmo dia em que ela lá ficou encurralada, numa quarta-feira, por incompetência dos funcionários do Canil. A cria foi retirada de dentro da carrinha numa tarde de Domingo, depois de eu ter passado horas junto da carrinha, com comida para o animal, acompanhada durante algum tempo pelo sr. Eng RD, que acabou desistindo. Depois de ter telefonado "n" vezes para a Esquadra de Carnide, de ter berrado e insultado toda a gente, depois de ter telefonado para o atendimento ao Munícipe da CML, depois de ter gasto uma fortuna em chamadas do meu telemóvel. Depois de ter sido maltratada, ameaçada, provocada e injuriada pelos 2 agentes da PSP que estiveram no local, ao mesmo tempo que estes bajulavam o dono da carrinha que tem aspecto de marginal, modos de marginal E FAMA de marginal... Esta cria foi, finalmente, retirada de dentro da carrinha, dei-lhe a comida que tinha comigo e a seguir a cria foi PRESA e levada para o Canil... para passar mais umas horas de fome, porque não comeu nada enquanto não saiu do Canil. Depois disso tudo ainda fui maltratada e injuriada por V Exa., sra. veterinária, que me queria impor, com chantagem até, que eu assinasse um texto escrito por si, com umas quantas mentiras, sem qualquer valor, mas que V.Exa. entendia como uma humilhação e "confissão" da minha culpa... apenas porque não consenti que o animal fosse barbaramente assassinado dentro da referida carrinha, tarefa que lhe compete a si, sra. veterinária."




Na segunda feira fui ao Canil buscar a cria e disseram-me que a gatinha estava no parque. 
Fui directamente para o parque, com a cria (não devia ter ido. Devia ter-me preparado para trazer a gatinha e as crias e ter-lhe levado comida) e encontrei-a no mesmo local onde estivera a carrinha.
Os guardas do parque tinham comunicado ao Canil para que fossem apanhá-la... mas como o Canil disse que não, deixaram-me entrar.
A gatinha "rejeitou" a cria que eu levava e eu ia com pressa porque tinha de cuidar daquela animal que não tinha comido nada enquanto esteve no Canil.
Voltei ao fim da tarde, com comida... mas a gatinha já tinha saído do parque, com as 3 crias, encaminhando-se para a povoação que fica no fundo do Vale que se chama, salvo erro "Serra da Luz".
Andei por lá, perdida, durante horas, procurando por ela. Encontrei-a perto da meia noite, de regresso da povoação. Ficou feliz por me ver. Levei-a para o parque e deixei-lhe comida, na esperança de que ela trouxesse as crias de novo, mas em vão.
Voltei todos os dias dessa semana, com comida para ela e para as crias. Ela não comia. Queria comida para as crias. As crias não se aproximavam da transportadora e estavam num local inacessível (onde tinha havido um incêndio). 




Aquela semana foi um verdadeiro inferno, para mim. Toda a gente me dizia que era melhor desistir... ou então apanhar a gatinha e deixar as crias... 
Não desisti. Não podia fazer isso à minha gatinha; nem deixá-la lá, nem trazê-la sem as crias. 

Finalmente, na sexta feira dia 20 de Agosto, voltei ao caminho que desce para a povoação, depois das 23H00... visto que a encontrava sempre perto da meia noite...
Parei o carro mais abaixo, já na povoação e encontrei-a logo. Já tinha uma transportadora com comida dentro e ofereci-lhe a comida. Ela entrou dentro da transportadora, pegou um bocado de comida e tirou-o para fora da transportadora (era o seu quinhão); depois levou-me até às crias, como fazia sempre. 
Mas desta vez as crias já estavam do lado de baixo do caminho, em sítio mais acessível... Passei por cima do "rail" de protecção da estrada e coloquei a transportadora aberta voltada para as ervas. As crias estavam mesmo ali, escondidas, à espera da mãe. A gatinha "conversou" com elas que vieram, a medo, e foram entrando na transportadora. Quando já estavam todas a comer fechei a transportadora e trouxe-as.
Chamei a gatinha que veio atrás de mim até ao local onde lhe tinha oferecido a comida. Eu segui para o carro com as crias e ela ficou por ali. Fui buscar outra transportadora e vim apanhá-la. Estava à procura da comida que tinha tirado para o chão e que eu tinha apanhado quando ela se afastou para me levar até às crias.
Já dentro da transportadora e na bagageira junto das crias, não se calou um momento durante todo o caminho de regresso. Mas não reclamava, não protestava... apenas se "justificava".
Levei-os para junto das outras 2 crias que tinha comigo (que fui buscar ao canil) e deixei-lhes muita comida: ração húmida e seca. Deitei-me às 04H00 da manhã... mais uma vez.




A gatinha preta, visivelmente cansada e "maltratada" tal como regressou da "odisseia" do Parque de abandonados.




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